Kings Bonsai

A PROPORÇÃO NO BONSAI

Understanding proportion 
Texto traduzido e publicado com autorização do autor Eric Schrader , a postagem original no site BSSF pode ser acessada através do link abaixo:
 http://www.bssf.org/articles-and-stories/understanding-proportion/
 
A proporção adequada é a chave para entender a diferença entre muitos bonsais reconhecidamente conceituados e seus irmãos menos famosos. Mais do que a simples idéia de que um bonsai deve ser uma árvore em miniatura perfeita, o objetivo maior, uma composição esteticamente agradável, só pode ser realizada quando todos os elementos se harmonizam em proporções elegantes. O equilíbrio na composição é a diferença entre uma árvore em estilo bunjin sublime e uma vara altamente desinteressante. Proporção é a diferença entre uma árvore que agrada aos olhos e uma que é meramente medíocre.Manter as coisas na proporção requer a aplicação racional de algumas regras e diretrizes. Suponha que o tronco de uma árvore é de um determinado tamanho e forma estabelecidos, então forme a ramificação e a copa para combinar com este tronco. O tamanho dessa ramificação não é determinado pelo capricho do proprietário, mas pelas proporções relativas dos elementos da composição, o nebari, o tronco, os galhos e a copa. O proprietário ou bonsaista profissional pode ter um amplo leque de opções ao selecionar o estilo final de uma árvore com base no material bruto disponível, mas o tamanho adequado da árvore será pré determinado em grande parte pelo tamanho do tronco, espessura da base e ângulo do tronc
Tamanho do tronco -Quando lemos livros antigos de bonsais, a regra de ouro é que a altura de um bonsai deve ser tipicamente entre 6~12 vezes o diâmetro do tronco, um tronco com um diâmetro de 8 cm (acima do nebari) teria entre 48 a 96 cm de altura, enquanto que uma árvore com um tronco de 3cm não teria mais que 18 a 36 cm de altura. Essas rígidas diretrizes proporcionais dão a uma pessoa um ponto de partida ao olhar o material bruto para determinar quanto pode ser usado, particularmente para o iniciante. À medida que aprendemos mais, começamos a entender as exceções em ambas as direções para esta regra, uma árvore de shohin com um tronco de 10 cm que se afunila para terminar em uma copa perfeita em menos de 20 cm nos dá uma taxa de diâmetro x altura de 1:2. Outra exceção, uma árvore bunjin com um tronco de 3 cm e 90 cm de altura com galhos elegantemente espaçados nos dá uma proporção de 1:36. O tamanho do tronco sozinho não pode nos fornecer tudo sobre as proporções adequadas para o nosso bonsai, ainda precisamos levar em conta algumas outras coisas.

Comparison of a typical Japanese maple from nursery stock and a bonsai Japanese maple.   The nursery stock has long branching without taper.   The usable portion is normally the lowest portion of the trunk.    After 10-15 years of branch development the tree can be a good bonsai with proper taper and proportion in the branching.

Fig. 1. Comparação de um Acer Japonês típico de viveiro e um Bonsai Acer Japonês. O material de viveiro (à esquerda) tem ramificações longas sem uma copa definida. A parte utilizável é normalmente a parte mais baixa do tronco. Após alguns anos de desenvolvimento dos galhos a árvore pode ser um bom bonsai (à direita) com uma copa adequada e uma boa proporção entre o tronco e a ramificação.
Conicidade do tronco. Conicidade é talvez o fator mais mais importante na relação entre altura do tronco e o bonsai como um todo. O tronco que começa com 15 cm de diâmetro e afina rapidamente e uniformemente para 3 cm de diâmetro em um espaço vertical de 30 cm não pode ser estendido para uma árvore de 45cm de altura mantendo boas proporções. A árvore precisa ser curta e grossa porque o tronco é curto e grosso, a adição de uma seção vertical fina de tronco acima da seção rapidamente afunilada só tornará a árvore desinteressante (veja a figura 3B). Por outro lado, um tronco de 15 cm que se reduz a apenas 12 nos primeiros 45 provavelmente ficará melhor como uma árvore mais alta, uma na faixa de 60 a 75 cm (figura 2B).
 Trunk taper is one of the keys to a good bonsai trunk.  Trunk A is not suitable for a bonsai - with proportions similar to a telephone pole it is very difficult to use this material for a bonsai.  The only recourse is to cut it at a height about 1.5x the diameter and hope for buds.     Tree B is typical of many collected trees - the trunk has a slight taper leading to a large chop.   This material is usable but needs a lot of time to develop into a good bonsai.   Trunk C has excellent taper and is a well suited to bonsai. Fig. 2. A conicidade do é um dos segredos de bom tronco para bonsai.  
Tronco A - Não é adequado para bonsai, com aspecto semelhante a um poste é muito difícil usar este material para bonsai. O único recurso é fazer um poda drástica para uma altura de cerca de 1,5 x o   diâmetro do tronco e a aguardar por novos brotos. O tronco B é típico de muitas árvores coletadas, o tronco tem um ligeiro afunilamento que leva a um corte drástico. Este material é utilizável, mas precisa de muito tempo para se tornar um bonsai bom. O tronco C tem uma conicidade excelente e é bem adequado para bonsai, este tipo de tronco é normalmente encontrado apenas em viveiros específicos para bonsai. 

Ângulo do tronco - O ângulo que o tronco faz com o solo ajuda a determinar a proporção e também ajuda a indicar o estilo na composição. Uma árvore que sai do solo verticalmente geralmente só pode ser uma árvore ereto formal. Uma árvore que faz um ângulo não muito íngreme, mas visível ao nível do chão geralmente é um ereto informal. Árvores em estilo semi-cascata e cascata normalmente saem do solo em um ângulo de 45 graus ou menos. O ângulo do tronco também interfere na quantidade de movimento que deve ter o tronco da planta. Um ereto informal que sai do solo com um ângulo de 85 graus deve ter apenas um movimento sutil, enquanto um ereto informal que sai do solo com um ângulo de 60 graus deve ter um movimento muito mais acentuado no restante do tronco. Se o tronco sair do solo com um ângulo de 60 graus, mas tiver apenas um movimento sutil, é mais adequado a um estilo inclinado. 
Detalhes de Galhos e Ápice - A proporção e a localização dos galhos e do ápice serão a base para a eventual silhueta da planta. Os galhos primários sempre devem ser significativamente menores do que o tronco, este problema mais difícil de controlar em árvores com troncos pequenos. Quando os galhos alcançam cerca de 2/3 do tamanho do tronco, nosso olho começa a confundir o galho com 
a linha tronco. O afunilamento da ramificação deve coincidir com o afunilamento do tronco - uma árvore baixa e bem cônica deve ter galhos maiores do que uma árvore que tem um tronco alto e fino. O comprimento na ramificação é um pouco mais importante do que o afunilamento, enquanto o afunilamento pode ser considerado como uma falha menor, o comprimento dos ramos determinará a silhueta da árvore e, portanto, toda a massa visual da composição. Considere toda a massa visual da composição versus a massa visual do tronco. Uma árvore com um tronco fino e um grande volume de galhos pode funcionar para algumas espécies, como o Acer e não ficar bem para outros como os pinheiros e juníperos. Os galhos secundários devem ser significativamente menores na maioria das composições do que os galhos primários. Os galhos irão parecer mais maduros quanto mais divisões você vê entre o início do galho primário e a sua extremidade. Em um bonsai bom haverá muitas divisões em um espaço curto. Normalmente, isso acontece ao longo de alguns ou de muitos anos ao remover repetidamente o crescimento maior em favor do crescimento com entrenós mais curtos e ramificação mais fina. Quando cultivamos material bruto sem ramificações, deixamos os galhos primários se alongarem, em seguida, aramamos os galhos e deixamos que eles continuem crescendo. Depois que o galho atingir um bom tamanho realizamos o corte para começar a construir as ramificações secundárias, dependendo da espécie este processo pode demorar entre 1~5 ano. O processo de cortar de volta o crescimento aumentará a conicidade no galho, ao mesmo tempo que estimula os galhos secundários a crescerem o suficiente para serem aramados para se harmonizar com o galho primário.
  Fig 3.   Good branch placement and proportion can make all the difference in a composition.    Tree A has poor taper in the branching and the branches are too long and not matching in angle.   The apex is also too tall.    Tree B is a poor use of good trunk material; the trunk and branching/apex are dis-associated from each other.   The taper is poor because there is good taper in the main trunk section and no taper in the upper trunk section.  Tree C has good branch placement and apex formation - they are all in good proportion to the trunk.Fig.3. Uma boa localização e proporção de galhos pode fazer toda a diferença em uma composição.
A árvore A tem uma conicidade fraca na ramificação, os galhos são muito longos e não combinam no ângulo. O ápice também é muito alto.
A árvore B representa um mau uso de um material com um bom tronco, o tronco e galhos / ápice estão desassociados um do outro. O conicidade é ruim porque existe um bom afunilamento na seção do tronco principal, porém sem conicidade na seção superior do tronco.
 A árvore C tem boa localização de galhos e formação do ápice, eles estão todos com uma boa proporção em relação ao tronco. Embora possa ter sentido ao ler essas regras e aplicá-las mentalmente , às vezes é um pouco mais difícil durante o momento de olhar para uma árvore real e tomar uma decisão sobre como torná-la mais harmoniosa. Começando com o tronco e, mesmo em materiais já formados, quando apropriado considere remover quaisquer seções que tenham pouca conicidade e movimento na metade superior. Isso pode significar perder a copa já formada da árvore! Mas a recompensa é uma árvore que será muito mais compacta com uma copa devidamente desenvolvida. Na ramificação, particularmente em plantas de folhas caducas, considere começar completamente a partir do zero se a ramificação for fraca, isso só pode exigir a coragem de cortar todos os galhos existentes. Muitas árvores que se ramificam como a figura 3A podem se tornar como a Figura 3C com alguns anos de esforço contínuo. Para coníferas, o processo pode ser mais complicado, considere enxertar novas ramificações para reposicionar a copa ou para tornar a árvore mais compacta. Embora a brotação interna possa ser ser útil em algumas espécies de coníferas, em outras, pode ser mais conveniente simplesmente enxertar novos galhos. A dobra e flexão pesada também pode, às vezes, corrigir problemas de proporção. Se uma conífera tiver uma boa conicidade na parte inferior do tronco, mas uma conicidade fraca na parte superior dá para considerar curvar o tronco para posicionar a folhagem mais perto da parte inferior do tronco.

Fig. 4   A - as a conifer this tree is far out of proportion.  The branching is too extensive to allow an appreciation of the trunk line.   As a deciduous tree it may be acceptable but in both cases it could be improved.   As a deciduous tree such as an elm, remove all the long branching (B) and wait for shoots (C) then wire the shoots and train the branches until a tighter silhouette is achieved (D).     As a conifer cutback would need to be in stages, or grafting would be followed by cutback.  
Fig. 4A - Se for uma conífera esta árvore está longe de ser proporcional. A ramificação é muito                     
comprida para permitir uma apreciação da linha tronco. Ser for uma árvore caduca pode ser 
aceitável, mas em ambos os casos pode ser melhorada. Em uma árvore caduca como um ulmus 
remova todas as ramificações compridas (B) e aguarde os novos brotos (C), depois arame os novos
brotos e os posicione até obter uma silhueta mais compacta (D). Se fosse uma conífera a redução 
precisaria ser em etapas, ou enxertos em conjunto com a redução.
As proporções de uma árvore podem passar de grandes para extremamente curtas dependendo do 

quanto você pode compactá-las. Tronco extremamente cônico e pequenas ramificações geralmente são
consideradas características desejáveis. Por outro lado, a falta de conicidade leva a ramificações 
excessivamente longas, seções do tronco desinteressantes e ápices que são visualmente desconectados
das partes mais interessantes de uma árvore. Aproveitar o tempo e fazer um esforço para entender como
a proporção afeta a composição como um todo irá melhorar significativamente as suas árvores.

ESCOLHENDO MATERIAL PARA BONSAI - PARTE 5

 

Texto traduzido e publicado com autorização do autor Jonas Dupuich, a postagem original no seu blog Bonsai Tonight pode ser acessada através do link abaixo:



https://bonsaitonight.com/2017/05/02/identifying-suitable-bonsai-material-part-5/

Ao longo dos últimos posts analisamos porque comprar plantas em diferentes estágios de desenvolvimento oferecem oportunidades para aprender diferentes conjuntos de habilidades. O mesmo vale para os bonsais maduros também. As árvores que estão perto de estarem prontas para serem expostas podem nos ajudar a resolver questões como:

  • Consigo controlar o vigor? 
  • Consigo fazer trabalhos de manutenção? 
  • Consigo reduzir para manter a silhueta? 
  • Consigo preparar a planta para expor? 
  • Consigo selecionar um vaso para exibição? 
  • Consigo criar uma display para expor? 
Essas perguntas assumem peso extra para árvores bem desenvolvidas, pois essas tarefas geralmente não mudam significativamente ao longo do tempo. Começar mais cedo oferece oportunidades para desenvolver bem as plantas e mantê-las uma vez que atingiram a maturidade como bonsai. Para plantas que já estão estabelecidas algumas formas de manutenção e incrementar melhorias é o foco a cada ano. Como o trabalho de manutenção pode levar muito tempo, penso duas vezes sobre quantas árvores de uma determinada variedade eu tenho e o quanto eu gosto de fazer trabalhos de manutenção para uma determinada espécie. Juniperos requerem podas anuais para manter a silhueta e tratamentos regulares da madeira morta. Árvores de folhas caducas exigem replantio relativamente frequente e podas periódicas. 
Algumas tarefas como a desfolha dos Aceres Japoneses ou a poda do crescimento primaveril (mekiri) de pinheiros devem ocorrer dentro de um intervalo de 1~2 semanas em determinado mês para obtenção dos melhores resultados. Se eu souber que geralmente não estou disponível ou mesmo ocupado durante certas épocas do ano, isso pode afetar a quantidade de plantas de uma dada variedade que posso adicionar à minha coleção. O Junípero abaixo é um bom exemplo de uma árvore madura que precisa de uma quantidade substancial de trabalho. A árvore é saudável e a copa está cheia, um pouco cheia demais. Em pouco tempo, a árvore precisará de uma redução substancial da folhagem interna e uma seleção da ramificação para balancear a silhueta com o tronco.


Junípero Procumbens - frente


Lado Direito


Traseira


Lado Esquerdo

Ponto onde a veia viva entra no solo, existem boas raízes superficiais.

Detalhe do tronco e das raízes superficiais

A madeira morta desce até a linha do solo do outro lado do tronco. Ao longo do tempo, a madeira morta favorecerá o crescimento de musgos, aquele crescimento verde que aparece quando a madeira permanece molhada. Para preservar o madeira morta é preciso remover os musgos com uma escova ou retirá-lo com um removedor apropriado e tratar novamente a madeira morta com lime sulfur.

Madeira morta no tronco


Os galhos mortos precisam de limpeza periódica também.

Olhando para a copa é fácil ver que muito pouca luz pode atravessar a folhagem. A árvore precisará de um refinamento da folhagem para manter a silhueta desejada. 

A densidade atual da ramificação é muito alta, é hora de refinar!
 
Além de todas as considerações que podemos analisar para ver se adicionamos ou não uma árvore às nossas coleções, o fator mais importante permanece em como uma determinada árvore nos faz sentir. Se uma árvore nos faz sentir bem, é provável que vamos nos sentir bem em trabalhar com ela. S
e algo mudar ao longo do tempo e tornar essa planta uma parte menos atraente da nossa coleção, pode ser que a árvore seja perfeita para a coleção de outra pessoa.

ESCOLHENDO MATERIAL PARA BONSAI - PARTE 4

ESCOLHENDO MATERIAL PARA BONSAI - PARTE 3