Kings Bonsai

SABEMOS ADUBAR?

Matéria traduzida e publicada com autorização do autor Sergio Martinez, o texto original pode ser acessado através do link abaixo:


Antes de ler esta matéria sobre adubação, recomendo a leitura de um artigo publicado anteriormente neste blog sobre o mesmo assunto. São dicas básicas, sem muitos detalhes técnicos que nos ajudarão a adubar melhor:
https://reisbonsai.blogspot.com/2018/01/como-alimentar-o-seu-bonsai.html


Se você já leu, aprecie esta nova matéria.
  
Recentemente estive no jardim de um grande aficcionado alemão que vive na Espanha há mais de 30 anos. Em seu jardim impecável e muito bem conservado você pode ver oliveiras, romãs, figos, bouganvillas, ficus, juniperos, ... árvores de grande porte e com um estupendo vigor depois de mais de 20 anos de cultivo em alguns casos. Devo dizer que o que mais me chamou a atenção é sua estratégia de cultivo. Como substrato, não usa akadama. Somente cascalho vulcânico, pomice ou areia de rio com diferentes proporções de fibra de coco. E em relação à adubação, adubo líquido universal para plantas de flores. Lendo isso, qualquer puritano do bonsai colocaria as mãos na cabeça, mas vendo o estado saudável de sua coleção e repito, depois de mais de 20 anos de cultivo, muitas questões surgem. É curioso que outro defensor desse tipo de cultura seja Walter Pall, também alemão. Eu quero pensar que é coincidência ou convergência e não que os alemães são mais práticos que nós.Eu reconheço que vou ser crítico com os adubos específicos para o bonsai, portanto, antes de continuar, que ninguém fique alarmado porque acima de tudo eu não tenho a intenção de mudar a maneira de cultivar nada. Se o que você faz funciona para você, então vá em frente. Se não funciona, algo está errado.

ADUBOS PARA BONSAI 
A verdade é que somos consumidores inveterados e os japoneses são possivelmente os melhores comerciantes do mundo. Eles copiaram o bonsai chinês, adaptaram-no à sua cultura e souberam vendê-lo como ninguém. Todos os produtos de bonsai com letras japonesas são a priori excelentes.







E tenho que admitir que, embora tenha tentado, na maioria deles não consegui encontrar detalhes sobre sua composição, origem, comportamento no solo ou dados objetivos por meio de testes. Nada de nada. E o que é mais curioso, tratando-se de produtos de origem orgânica, que eu saiba, não há restrição ou controle em sua importação, nem estão incluídos em nenhum registro fitossanitário. Mas eles carregam caracteres japoneses e nós os compramos a preço de ouro.

Mas eles são realmente tão bons? Existem alternativas?


Muitos fãs europeus usam eles há anos com excelentes resultados. São produtos destinados ao cultivo de bonsai produzidos por mestres japoneses e, se continuam a vender com sucesso, é porque são bons. Quando alguém começa a me perguntar qual adubo usar, geralmente recomendo Biogold ou Hanagokoro, complementando com adubo líquido inorgânico. E por que eu os recomendo? Porque eles são produtos seguros, no sentido de que é muito difícil produzir danos devido ao excesso desses adubos. A explicação é que estes adubos orgânicos na forma de cubos, triângulos ou bolas fornecem os nutrientes à medida que se decompõem com a água de irrigação. No Japão o clima, especialmente no verão, é muito diferente do nosso. Embora seja quente, quase todos os dias chove e o ambiente é mais úmido. No Brasil, particularmente em áreas mais quentes, o ambiente é muito mais seco, por isso a bola de adubo pode secar antes do tempo e não desempenhar mais a sua função adequadamente. Por esta razão, recomenda-se enterrá-los parcialmente. Outro problema são os pássaros que parecem gostar de mexer na bolas de adubo, pegando bolas inteiras ou pedaços. Esse é um dos motivos para se utilizar os  cestos para proteger o fertilizante, outra invenção japonesa.
 

Em suma, é um adubo seguro porque é muito difícil adubar em excesso, mas pela mesma razão é um fertilizante um pouco mais caro e com problemas estéticos.
 

Existem as receitas caseiras para criar nosso próprio fertilizante orgânico. Além do espaço e do tempo, o problema será o mesmo do comprado, além da possibilidade de não fazer o adubo corretamente. Bem, e quanto aos produtos específicos de bonsai fabricados e comercializados? Neste caso você tem que separá-los em dois grupos. De um lado, aqueles que encontramos nos centros de jardinagem e grandes supermercados. Eles são simplesmente adubos universais para plantas de flores embalados em tamanho menor, com a foto de um bonsai e a um preço mais alto. De outro lado, há algumas linhas de produtos com uma ampla gama de adubos líquidos com diferentes formulações específicas para bonsai. Aminoácidos, combinações de NPK, algas marinhas, etc. Eu não posso dizer que eles são produtos ruins porque eu não testei eles (nem farei), com a vantagem de que os produtos que podemos comprar em um distribuidor de produtos fitossanitários passaram por um grande número de controles e testes de campo. 
 Mas são realmente necessários tantos produtos? Se você não sabe quanto ou o momento de usá-los, NÃO os use, seu bonsai será vigoroso se você fizer um bom cultivo simples baseado em água e adubo universal. Conheço mais de um bonsaista que tem em sua casa todo um arsenal de fito fortificadores, revigorantes, extratos, aminoácidos e outros que vêm se acumulando devido aos diversos conselhos recebidos. Eles adubam quase compulsivamente e posso garantir que em mais de um caso os bonsais não são tão bons quanto os do amigo alemão com fertilizante universal.

A grande pergunta de alguém que começa no bonsai faz:
Com que frequência tenho que adubar e com quais produtos? 

Primeiramente, vamos ver alguns detalhes importantes que se inter-relacionam com a adubação: 

As espécies e a adubação
Devemos saber com que tipo de bonsai estamos trabalhando, pois nem todos eles têm as mesmas necessidades nutricionais. Temos de aprender a usar o adubo como ferramenta, diminuindo a contribuição do nitrogênio para reduzir o tamanho de suas folhas, aumentar a razão de fósforo (P) e potássio (K) para promover o florescimento. No caso dos pinheiros, por exemplo, uma vez que eles atingem seu estado maduro (agulhas), deve ser diminuída a quantidade de adubo para não disparar o seu crescimento.

O estado de cultivo e a adubação
Nós devemos diferenciar entre três fases no cultivo do bonsai:
  • Crescimento e engorda - formação do tronco e galhos primários. Nós devemos fornecer um adubo rico em N;
  •  Ramificação - no início da primavera, um adubo rico em N e, em seguida, aumentar a proporção de P e K;
  • Manutenção (bonsai já maduro) - adubação mais controlada de N e de acordo com espécies e vigor também de P e K. 
O substrato e a adubação
Este é um ponto muito importante. O akadama é sempre o substrato de referência, mas temos outros substratos que podem compor um solo que atenda em sua mescla mais ou menos as mesmas condições:
  • possibilitar uma aeração muito boa da raiz;
  • manter sua estrutura por pelo menos dois anos;
  • hidratar perfeitamente em cada irrigação;
  • e o que mais importa para nós em termos de adubação é a capacidade de troca iônica, ou seja, reter em sua estrutura moléculas (nutrientes) e as tornar disponíveis para os pêlos absorventes das raízes; 
Esta disponibilidade também depende do pH (indicador de acidez do substrato). O akadama tem um pH em torno de 6, enquanto o solo vulcânico e o pomice sobem para 8. Em pH elevado, a absorção de certos nutrientes é bastante reduzida. O gráfico a seguir eu sempre coloco porque é muito explicativo:

Você pode ver como entre 7 e 8 a absorção de magnésio, boro, fósforo, ferro, cobre, manganês e zinco é reduzida. Esses valores variam entre as espécies. As plantas que gostam de solos ácidos precisam de um pH mais baixo e é por isso que o Kanuma é recomendado. A verdade é que não conheço melhor substrato que o akadama, neste caso os japoneses têm um tesouro.

A Irrigação e a adubação
Aqui não vou enrolar tanto porque o conceito que quero deixar claro é muito simples. A irrigação é mais importante que o adubo. Muito mais bonsais morreram devido ao excesso de adubo do que ao excesso de água. Quando adubamos, aumentamos a condutividade e por consequência a concentração da água, por isso ela não flui tão facilmente para o interior das raízes. Adubo e, mais adubo e, mais adubo e pouco a pouco começam a aparecer folhas com manchas e bordas queimadas, o iniciante pensa que é podridão radicular e o que ele faz é regar ainda menos e ás vezes mais adubo porque acha que a planta está fraca. Finalmente deixe a árvore passa a descansar em paz.
No bonsai é essencial regar com água de qualidade, isto é, com baixa condutividade. Quanto melhor a qualidade da água, mais podemos adubar. Outro ponto é que de acordo com a exposição solar em que nossos bonsais se encontram, teremos que regar mais ou menos. Minhas condições são de um terraço a pleno sol, com isso no verão eu tenho que regar 3 ou 4 vezes por dia e se está ventando muito também, 5 ou 6 vezes. Mas se estamos no norte, em um local com sombra suficiente e em um ambiente úmido, uma única irrigação pode ser suficiente. Quanto mais tivermos que regar, mais teremos que adubar, pois em cada irrigação uma porção dos nutrientes do substrato são retirados. 

São tantos os fatores envolvidos no cultivo do bonsai e por isso quando me perguntam quando tenho que adubar, é impossível dar uma resposta concisa. 

E com o que adubar?
Combino particularmente um adubo orgânico de alta qualidade com duas formulações de NPK. No início da primavera com mais N e depois aumento a concentração de PK. Eu continuo adubando até o fim do outono, depois apenas irrigação. Eu combino com algumas contribuições por ano de ácidos húmicos, um na primavera e outro no outono. Aminoácidos em períodos específicos de estresse (ventos fortes ou uma contribuição anual) e, por que não, com adubo universal combinado com orgânicos ao longo do ano. Fácil e simples.

Espero que esta postagem seja útil e não confundir mais. E repito, se o que você está fazendo funciona para você, não faça experimentos e se tem problemas tente detectar onde está o erro.

A SEIVA

La Savia

Texto traduzido e publicado com autorização do autor Francisco Fournies, a postagem original no site Ruta Bonsai pode ser acessada através do link abaixo:
http://rutabonsai.com/fisiologia-vegetal/151-la-savia 
Todas as plantas, incluindo bonsai, têm um elemento vital que percorre seus galhos, tronco e folhas, chamamos esta substância muito nutritiva de seiva. Esta substância é essencial para o desenvolvimento de qualquer planta e, se quisermos entender completamente as plantas, algo essencial para o bom cultivo dos nossos bonsais. Devemos entender os fundamentos desta substância, quando ocorre, como ocorre, como ele se move na planta e quais os aspectos que influenciam o seu desenvolvimento. O objetivo deste artigo é falar e explicar aspectos fundamentais sobre a seiva que lhe permitirão expandir seus conhecimentos para melhor aplicar as técnicas do bonsai.A seiva é equivalente ao sangue do ser humano nas plantas, esta substância é responsável por transferir os açúcares e nutrientes por toda a árvore, o que permite que todos as necessidades das folhas ou raízes sejam fornecidas. Sem a seiva as folhas não teriam como usar o adubo aplicado no substrato do seu bonsai, nem poderiam usar a água da irrigação. Como todos sabemos, as plantas não têm um coração que lhes permita empurrar a seiva, como é o caso dos animais, mas o movimento da seiva é produzido graças a três efeitos físicos que detalharemos a seguir:
  • Ação de Transpiração: É a força gerada devido ao suor que ocorre nas folhas. Os estomatos quando abertos perdem gases, gerando uma pressão negativa nas folhas, que gera uma sucção da coluna de seiva e faz com que esta suba para as folhas.
  • Capilaridade: Devido ao pequeno diâmetro dos dutos onde a seiva circula as moléculas de água são atraídas pelas paredes dos vasos ou dutos, produzindo uma pequena força que auxilia na ascensão da seiva.
  • Coesão: Graças a uma propriedade física das moléculas de água, que exercem uma força chamada de coesão, devido à atração das ligações de hidrogênio produzidos devido à diferença de eletronegatividade entre os átomos de hidrogênio com o de oxigênio da molécula vizinha. Esta força permite que o fluxo ascendente não desça devido aos efeitos da gravidade, facilitando o processo de transporte por toda a planta.

Além dessas três forças,existe outro fenômeno que permite que a seiva se mova em distintas direções e épocas do ano, o Fluxo de Massa, através desse fenômeno a seiva movimenta-se das regiões de maior concentração de nutrientes (açúcares e fotoassimilados) para regiões de concentração mais baixa. Este fluxo permite que a seiva de se mova para as raízes ou para as gemas e folhas, dependendo dos necessidades de árvore, assim setores da planta como os brotos ou frutos, que não realizam fotossíntese, também obtenham igualmente os nutrientes para o seu desenvolvimento.

 

dibujo 2
Como discutido anteriormente, a seiva não se move livremente pela árvore, ela é conduzida através de pequenos vasos condutores que vão desde as raízes até as folhas, semelhantes ao que nos animais seriam as veias. Estes vasos condutores são divididos em 2 tipos diferentes, são pequenas diferenças estruturais porque em cada um destes vasos flui um tipo diferente de seiva (os tipos de seiva serão detalhados na sequência do texto), estes vasos são chamados Xilema e Floema e percorrem toda a planta.
 

  • Xilema: é onde a seiva bruta é transportada, estes tipos de vasos estão localizados no centro dos vasos condutores, como mostrado na imagem abaixo.
  • Floema: é onde a seiva elaborada é transportada, estes tipos de vasos estão localizados na periferia dos vasos condutores, como mostrado na imagem abaixo. 
xilema-e-floema
 Na foto acima podemos ver como estão distribuídos o floema e o  xilema no interior da planta.

Como já falamos, devido a constante atividade da planta, fotossíntese, absorção de água e de outros processos, é que existem dois tipos de seiva, bruta e elaborada, que têm funções diferentes e transportam distintos  nutrientes por toda a planta.
Seiva Bruta: É aquele seiva que é transportada pelo xilema e consiste principalmente de água e minerais. A direção desse fluxo é sempre das raízes para as folhas (movimento basepetalo), um sentido bastante lógico se pensarmos que as responsáveis ​​pela absorção de água são as raízes e as que precisam de água e sais minerais são as folhas, frutos e brotos.Seiva Elaborada: É a seiva que é transportada pelo floema e é composta fundamentalmente por água e açúcares. A direção dessa seiva é variável, já que vai de onde é produzida até onde é necessária, seja nos brotos, frutos, raízes etc., a direção dependerá das necessidades da planta e seu movimento é principalmente devido ao fluxo de massa.
movimiento
No esquema superior, vemos o movimento de água e nutrientes desde os diferentes vasos condutores, seiva e células que necessitam destes elementos.

Não devemos confundir seiva com látex ou outras substâncias que as plantas secretam como defesa, um caso muito comum disso é o látex branco que o ficus soltam quando são podados (abaixo), isso não é seiva, é apenas látex e sua emissão se detém ao pulverizar água.

Ficus elastica_40 
Já falamos um bom tempo sobre a seiva e suas características e talvez muitos se perguntem para que isso me serve como bonsaísta? A seiva por ser parte fundamental do bonsai, é preciso mantê-la dentro dos vasos condutores, e é por isso que a poda deve ser feita em determinados épocas e com muito cuidado. Idealmente, a poda deve ser feita quando houver a menor movimentação de seiva possível, para evitar que seja perdida. A menor movimentação da seiva é no inverno quando a árvore está em repouso, não é coincidência que todos os livros sempre recomendam a poda no inverno, especialmente se são podas grandes, já que ao podar e cortar galhos não haverá perda da seiva, o que acontece normalmente quando cortamos na primavera. Durante o dia o maior movimento de seiva ocorre quando a planta está em plena atividade, o que corresponde nas primeiras horas da manhã e durante o meio-dia, geralmente no período da tarde o movimento é menor e é conveniente podar na parte da tarde.Talvez os mais experientes tenham notado que ao podar um galho, depois de algum tempo a parte superior morre, fenômeno que costumamos chamar de "retração da seiva", esse fenômeno é ainda maior se podarmos na primavera. A morte dessa parte do galho se deve ao fato de que não há efetivamente nenhuma gema que permita o fluxo de seiva para manter esse setor. Apesar de existirem podas na primavera, elas ocorrem apenas nos galhos jovens, uma vez que estes por não estarem lignificados podem fechar os vasos sem correr o risco de perder muita seiva. Ao podar é essencial conhecer bem o que é a seiva e como flui no bonsai, espero que este artigo sirva de orientação.

A IMPORTÂNCIA DO SUBSTRATO NO BONSAI

Importancia del sustrato en Bonsai

Texto traduzido e publicado com autorização do autor Francisco Fournies, a postagem original no site Ruta Bonsai pode ser acessada através do link abaixo:
http://rutabonsai.com/tecnicas-basicas2/145-importancia-del-sustrato-en-bonsai 
 
O substrato que usamos para o nosso bonsai é um fator chave no desenvolvimento de um bonsai, não devemos pensar que se trata apenas de um pouco de solo e nutrientes, não poderíamos estar mais errados, o substrato é mais do que isso e neste artigo vamos falar sobre a importância do substrato para o nosso bonsai viver saudável.Quando você começa no bonsai ou quando olha para uma foto de um lindo bonsai, a última coisa que olhamos ou pensamos é o substrato, eu me refiro ao tipo de solo que usamos para cultivar nossas árvores, geralmente olhamos para a beleza da árvore, no vaso e no tronco, mas raramente paramos para pensar sobre o substrato. Para muitos é apenas um pouco de terra, mas na realidade é o que consegue realçar a beleza do bonsai, sem um bom substrato nunca poderíamos ter, nem desenvolver um bonsai belo.Mas por que o substrato é tão importante? O substrato não é apenas o lugar onde plantamos o nosso bonsai, é como se fosse as nossas geladeiras e despesas, ou seja, é no substrato onde é armazenado tudo o que a árvore precisa para viver, com exceção de Co2 que é obtido através do ar, tanto os nutrientes como a água são armazenados no substrato e estão disponíveis para o nosso bonsai se alimentar e desenvolver. Como pode ser visto o substrato é fundamental e entender bem o seu papel no desenvolvimento do bonsai também é muito importante.Como você pode imaginar, bonsai não é uma planta comum, não só por sua beleza, mas também por seus cuidados, de modo que o substrato não pode ser comum e qualquer um, deve ter duas qualidades fundamentais: aeração e boa retenção de umidade. .

Raices2Aeração: é essencial para alcançar um bom desenvolvimento radicular, principalmente raizes finas, responsável por absorver nutrientes e água, as árvores têm dois tipos de raízes, as capilares e as de sustentação que são maiores e mais grossas (as que eliminamos em nossos bonsais já que a sua função é a busca de água em camadas mais profundas e manter a planta no solo, que no bonsai não precisamos) nós como bonsaistas procuramos desenvolver mais raízes finas (foto à esquerda) e que os nossos bonsais absorvam mais água e nutrientes. Se não houver ar e oxigênio no substrato, as raízes não podem se desenvolver e alimentar a árvore, especialmente as raízes finas. Os substratos tais como o terra granulada ou caqueira, pedriscos e areia, são comumente utilizados em bonsai, e são muito bons em termos de aeração, permitindo bom desenvolvimento das raízes, por isso que estes tipos de substratos são muito utilizados no bonsai e sempre devem fazer parte da composição, seja 100% ou uma porcentagem menor, mas devem estar sempre no composto. Um substrato de bonsai não pode ser feito sem um bom componente que garanta aeração, isso deve estar muito claro.


Retenção de Umidade: Nós todos sabemos da importância da água para o bonsai e em toda a natureza, o principal reservatório de água das árvores é o solo que está debaixo delas, o qual atua como um grande reservatório e que é consumido à medida que a árvore precisa de água, no bonsai a água armazenada no substrato é muito pouca já o recipiente em que é cultivado é muito pequeno e não pode armazenar muita água, por isto os bonsai devem ser regados com mais frequência. Por essa razão e a anterior (aeração) é essencial garantir que o substrato que usamos em nosso bonsai consiga reter o máximo de água possível, sem diminuir a capacidade de aeração do substrato. Um problema que nós bonsaistas enfrentamos é que os substratos com alta retenção de umidade geralmente têm pouca aeração, algo indesejado, o ideal é um equilíbrio em ambos. Terra granulada, turfa e casca de pinus são substratos que possuem uma boa retenção de água

Sustrato1

Como todos sabemos, os bonsai não vivem somente de água, dependendo do seu estágio de desenvolvimento eles precisam de uma quantidade maior ou menor de nutrientes, o substrato também é importante para as diferentes fases do nosso bonsai. Se o seu bonsai estiver em fase de desenvolvimento, ou seja, precisa de mais folhagem e promover o crescimento para formar novos galhos, então você deve utilizar substratos que entreguem mais nutrientes ao seu bonsai, nessa condição você deve utilizar uma mistura composta por substrato inerte ( por ex.: caqueira) e outro (s) com maior proporção de substratos orgânicos, como turfa, terra granulada, casca de pinus. Esses substratos são, como já vimos, os mesmos que dão boa retenção de água, assim também nos bonsais jovens eles nos ajudam a evitar a desidratação mais rapidamente.

Por Francisco Fournies

 

ALGUMAS ATIVIDADES NA PRIMAVERA EM NOSSOS BONSAIS

Minor Spring Tasks 
Texto traduzido e publicado com autorização do autor Eric Schrader, a postagem original no site Phutu pode ser acessada através do link abaixo:
http://www.phutu.com/minor-spring-tasks/ 

Nesta época do ano, parece que há muito o que fazer, mas muitas dessas tarefa são pequenas atividades. O tempo na primavera pode ser bastante crítico para muitas tarefas. Na semana passada, trabalhando nos meus bonsais,realizei uma variedade de coisas passando por plantas jovens até as mais velhas.
  
Este Spruce é o que Matt Reel aramou para mim em novembro de 2014. Eu deixei a árvore crescer todo o ano passado sem fazer nada além de regar e adubar. Um replantio no inverno passado deu-lhe mais um pouco de espaço para crescer no mesmo vaso depois de realizada a poda de parte das raízes.
 After a year of good fertilizer and water this spruce is sending out some good strong spring growth.
Depois de um ano de boa adubação e regas, esse spruce está apresentando um bom e forte crescimento nessa primavera.

To contain and help balance the tree I pinch off the tip of some of the shoots.    I would certainly NOT pinch all the tips.   Just like pinching the longest candles on a black pine, I pinched the longest and strongest ten percent of the shoots.   Most of these were on the top and outsides of the tree.
Para conter o crescimento e ajudar a balancear a árvore eu podei a ponta de alguns dos brotos. Eu certamente não podaria todos os brotos. Da mesma forma que podo as velas mais longas em um pinheiro negro eu podei cerca de 10% dos brotos mais longos e mais fortes. A maioria deles estava no topo e lado externo da planta.

Nesta primavera eu semeei um lote de cerca de cem sementes de pinheiro negro japonês. Depois que a safra do ano passado foi comida por pássaros antes de brotar, eu estava ansioso para ter certeza de que teria um resultado positivo. Plantar as sementes não é somente a coisa mais fácil, é também o momento em que elas ocupam a menor quantidade de espaço. Com cerca de 80 mudinhas no vaso coletivo e o crescimento central aumentando é hora de podá-los. Após cortá-los com uma faca de enxerto, usei estimulante enraizador diluído  em água. Eu deixei os cortes mergulhados por cerca de 2 minutos na solução enquanto eu preparava os recipientes.

Deixei cerca de 30 mudas no vaso coletivo sem cortar as raízes. Essa foi uma maneira prática de reduzir a necessidade de espaço, mas também uma maneira de comparar como a técnica de corte de mudas de semente afeta a estrutura radicular e o crescimento durante o primeiro ano.
This year's batch of Japanese Black Pine.   They're ready to have the tap-roots cut.
O lote desse ano de pinheiro negro japonês de semente. Eles estão prontos para cortar as raízes.

After cutting the tap roots I left the seedlings to float in water.    A dip in rooting hormone was next and then I planted them up into 4" containers.   It'll be two years now before I have to do anything but water and fertilize them.
Depois de cortar as raízes, deixei as mudas mergulhadas na água. Mergulhei a ponta cortada no hormônio enraizador em pó e então plantei elas em vasos de 10cm. Levará dois anos até que eu possa fazer qualquer coisa além de regar e adubar.

Este Olmo é um bom exemplo do que faço frequentemente na primavera com material de folhas caducas. Após analisar o planejamento de longo prazo para a planta eu normalmente deixarei algumas ramificações crescerem por algumas semanas ou mais para ter certeza de que a planta está vigorosa. Então eu normalmente realizo as podas balancear o crescimento entre as diferentes partes da planta. Brotações compridas nos galhos exteriores e no topo são podados mais curtos enquanto os brotos mais fracos que estão mais embaixo ou no interior são deixados para alongar mais.

A medium size elm that I blogged about last year.   With the spring growth out about 4 inches uniformly and the sacrifice at the top really taking off I cut back many of the strongest shoots to keep the branching from getting too coarse.
Um Olmo de tamanho médio. Com um crescimento primaveril uniforme de cerca de 10 cm e o galho de sacrifício no topo realmente espichando eu retiro muitos dos brotos mais fortes para evitar que a ramificação fique muito grossa.

After the trim.   The sacrifice is left to help heal a wound near the top.   I'll likely remove it in another couple months.
Após a poda. O galho de sacrifício é deixado para ajudar a fechar uma cicatriz perto do topo. Eu provavelmente vou removê-lo em mais alguns meses.

Agendar suas tarefas da primavera para aproveitar o novo crescimento é a chave para o sucesso. Se você esperar muito tempo, terá um crescimento muito comprido ou rígido. Se você começar muito cedo, terá um crescimento que é tão tenro que não será possível aramá-lo sem esmagá-lo. Como eu já mencionei anteriormente transformar plantas em bonsais bons é uma série de passos simples. Quando as condições certas surgirem coloque-as no topo das tarefas a serem realizadas, como pinçar (somente quando apropriado), poda e aramação. Se você conseguir identificar a época certa de cada procedimento obterá sucesso com os seus bonsais.

BUXUS FUKINAGASHI

Este Buxus é mais um excelente material que consegui garimpar em um Garden, ele estava plantado no chão e foi retirado no momento da compra, envolvido em um saco de juta e a folhagem amarrada para transporte. Quando vi o tamanho da planta e principalmente o diâmetro da base, maior que uma garrafa Pet, fiquei impressionado e pensei que iria custar uma fortuna, mas para a minha surpresa era o mesmo preço de exemplares muito menores da mesma espécie em formato de bolinha, paguei R$80, uma verdadeira bagatela por uma planta tão boa. Abaixo a sequência de fotos e informações sobre o cultivo da planta até o momento.

Julho/16 - foto tirada no momento da chegada da planta em casa, ainda amarrada do mesmo modo que eu transportei ela no carro.

Após retirada as cordinhas que prendiam a folhagem, sem nenhuma intervenção ainda.

Antes de plantar em uma caixa plástica para recuperação eu fiz algumas pequenas intervenções e efetuei um procedimento que aprendi para a redução, em etapas, da altura da planta. Ele possuía alguns poucos brotos pequenos e outro tanto de pequenas gemas sem abrir na parte inferior, quase toda a folhagem se concentrava mais nas extremidades dos galhos e precisaria ser compactada para ser aproveitada. Isso é um problema porque os Buxus nem sempre respondem bem às podas drásticas, eu mesmo já perdi 2 após a realização de poda drástica deixando somente uma pequena quantidade de folhagem. Agora não faço mais desta forma, realizo a redução com podas seletivas periódicas. O procedimento para redução da altura e compactação da planta consiste no seguinte:
  • a partir do tronco seguindo em direção ao ápice vá seguindo até a primeira bifurcação;
  • se essa bifurcação estiver dentro do projeto que você vai utilizar não mexa, continue subindo a vá até a próxima que não será aproveitada no projeto que você tenha um mente ou da altura que você pretende que o seu bonsai tenha após concluído;
  • após chegar na primeira bifurcação não desejada verifique quantos galhos saem dessa bifurcação;
  • caso sejam 2 galhos - corte 1 e deixe somente 1;
  • caso sejam 3 galhos - corte os 2 mais fracos e deixe o mais forte, se forem todos fortes corte 2 e deixe 1, se forem todos fracos corte 1 e deixe 2;
  • caso sejam 4 galhos - corte 2 e deixe 2, deixando os mais fortes;
  • se forem mais de 4 - deixe os 2 mais fortes e corte os demais;
  • para cada galho deixado continue subindo e fazendo o mesmo procedimento a cada bifurcação até chegar na ramificação do topo da planta.
Corte de galho que cruzava por dentro da planta passando pela frente de um dos troncos.

Corte de outros 2 galhos que cresciam paralelos a um dos troncos.

Vista da região de corte dos galhos e detalhe dos 3 troncos que se formam a partir de uma única base.

Visão da planta após o procedimento de retirada seletiva dos galhos. Dá para verificar que a folhagem já está mais rala, permitindo a entrada de luz nos brotos internos, necessária para o seu desenvolvimento.

Realizei o corte destas 2 raízes mais grossas antes do plantio.

Já replantado, não desfiz o torrão e utilizei um substrato composto de 40% terra, 40% pedrisco e 20% casca de pinus para completar o espaço disponível na caixa plástica.

Visão geral da planta após replantada.

Quantidade de galhos retirados em julho/16 com a poda seletiva, galhos mal localizados e cruzados.

A partir da primeira poda seletiva as demais são realizadas ao contrário da inicial, ou seja, a partir da copa para o interior da planta. Se tiverem 2 galhos, retirar 1, se houver apenas 1 retirar esse. Com isso ficaremos com apenas 1 galho no ultimo patamar onde houverem 2 galhos e onde tem apenas 1 desceremos um patamar até a próxima bifurcação. Esse processo deve ser realizado mensalmente nos meses de crescimento, se a planta não estiver emitindo novas brotações por conta da estação do ano ou por estar debilitada por algum motivo cesse o procedimento até a recuperação da planta.

Início de Agosto/16 - Visão por cima da copa após nova poda seletiva. A planta estava bem saudável e continuava a emitir novas brotações com o aumento das temperaturas.

Vista frontal - é bem perceptível que as brotações maiores se concentram nas extremidades dos galhos.

Quantidade de galhos podados em Agosto/16.

 Setembro/16 - Nova poda, agora a planta ficou com a copa menor e diminuiu também na largura.


Setembro/16 - Nova poda

A brotação interna está iniciando a desenvolver.


Brotação bem próximo da base do tronco, esta brotação é muito pequena.

Com uma foto um pouco mais distante quase não é possível ver as brotações nas regiões mais baixas da planta.

Continuei a realizar o mesmo procedimento durante os períodos de crescimento da planta em 2017 e depois parei porque já tinha chegado nas brotações mais internas, a planta ainda não estava do tamanho que eu pretendia e como as brotações eram muito pequenas era necessário aguardar o seu desenvolvimento para não enfraquecer demais a planta. Nesse meio tempo estive observando a planta para tentar definir um estilo para ela já que até aquele momento eu ainda não tinha nada encaminhado ainda. Tudo que eu tinha certeza é que seriam utilizados os 3 troncos porque saíam todos diretamente da base e a retirada de qualquer um deles iría diminuir e muito a base que é bem larga lateralmente devido justamente ao fato dos 3 troncos serem alinhados lateralmente. Numa destas observações verifiquei que a base se inclina para um dos lados, uma parte dos galhos também estão direcionados para esse mesmo lado, os galhos centrais estão mais ou menos retos e a outra metade se direcionam para o lado oposto. Em qual situação isso acontece? Bingo!!!! Um típico Fukinagashi chinês, aquele em que a ação do vento está agindo na planta naquele momento, a planta está lutando contra essa força. Uma parte dos seus galhos está sendo direcionada pelo vento e os galhos que estão na linha de frente com o vento travam uma batalha para não cederem. Pronto está definido o estilo da minha planta, agora é colocar em prática. Abaixo uma primeira estilização da planta.

Visão da planta antes da realização dos trabalhos. Essa é a frente escolhida.

 Parte traseira.

 Detalhe do tronco na parte traseira.

 Retirei o galho central reto localizado na frente e que prejudicava a visão de parte da base.

Detalhe do galho retirado.

Após a aramação de alguns ramos maiores e tracionamento dos galhos. Ainda tem muito trabalho pela frente para melhoria do visual. Como os brotos estão muito pequenos ainda eles ficam muito próximos dos galhos, para esse estilo é necessário que não haja folhas na parte inicial dos galhos mais finos, deixando folhas mais nas extremidades dos galhos. O galho mais baixo foi posicionado no sentido oposto do seu crescimento e não pude forçar mais para não correr o risco de quebrar o mesmo. Ainda vou decidir posteriormente se deixo ele ou se retiro. Não dá pra ver muito be como vai ficar pelo excesso de folhas juntas e também por conta de um monte de mudas que tenho plantadas nas bordas da caixa plástica (cobertas pelo panos brancos). Vou retirar elas no início da primavera e plantar em vasos individuais, essa mania de plantar as sobras das podas..kkkk. Por enquanto é só, à medida que for realizando os procedimentos vou atualizando e compartilhando por aqui.