Kings Bonsai

PENSAMENTOS SOBRE ENXERTOS DE JUNÍPEROS

Juniper Grafts

Texto traduzido e publicado com autorização do autor Eric Schrader, a postagem original (em inglês) no blog Phutu pode ser acessada através do link abaixo:

Se você não está enxertando os juníperos que você está desenvolvendo, então você provavelmente não está fazendo bonsais de qualidade, simples assim. Embora as plantas cultivadas a partir de mudas possam se tornar realmente boas com o tempo, a maioria dos troncos de juníperos ,sejam de plantas antigas de jardins, árvores silvestres ou de viveiros não tem qualidade suficiente para serem estilizados sem enxertia. Mesmo os materiais de alta qualidade podem às vezes se beneficiar do enxerto para melhorar a conicidade, reposição de galhos ou encurtar as veias vivas.Enxertar muitas vezes assume ares de uma atividade da elite dos bonsaístas que poucos podem usar e menos ainda podem dominar. Apesar desta reputação infeliz, é uma técnica como qualquer outra que pode ser usada para alcançar os seus objetivos de estilização. Se você nunca tentar aprender a enxertar suas próprias plantas, certamente nunca aprenderá. Pegue um exemplar que tenha pouca expectativa de ser algo bom e pratique colocando uma dúzia ou mais de enxertos em vários lugares. Observe quais vingam e considere as razões para os acertos e fracassos.O que o enxerto faz tão eficientemente é permitir a colocação na planta da folhagem de sua escolha na posição desejada. Enxertar também permite que raízes sejam adicionadas em qualquer local ao longo da linha da veia viva para formar um junípero mais curto ou para remover formações de raízes problemáticas. Como o enxerto é uma ferramenta tão versátil ele pode realizar a transformação de um material medíocre em um material excelente, um material extenso em material compacto considerando as decisões corretas de posicionamento e design.Atualmente as técnicas de enxerto estão bem documentadas, nas próximas postagens vou fazer uma série abordando este tema.
 
A great juniper in the yard of Takeo Kawabe.   Mr Kawabe is a former apprentice of Kimura and does some really amazing work with junipers.   In this case he is using two different types of juniper, one is faster growing and used for grafting on roots and for creating larger branch structure and trunk sections.    The other is a Japanese favorite for foliage - Itoigawa - which is used for the foliage that will ultimately be in the design of the tree.
Um grande Junípero no quintal de Takeo Kawabe. O Sr. Kawabe é um ex-aprendiz do Kimura e faz um trabalho realmente incrível com os juníperos. Neste caso, ele está usando dois tipos diferentes de juníperos, um é de crescimento mais rápido e usado para enxertar raízes e para criar estruturas maiores de galhos e troncos. O outro é um japonês favorito para folhagens - Itoigawa - que é usado para a folhagem que formará o desenho final do bonsai.

A seleção das posições para enxertos nem sempre é tão clara e rotineira como o ato de realmente colocá-los na planta. Para selecionar um ponto de enxerto, orientação e tipo você precisa pensar nas etapas de estilização para a planta que está tentando melhorar.
 
A successful but poorly-executed approach graft.   The graft was too shallow so the attachment point is weak and may never properly fuse to the recipient branch.
Um enxerto por aproximação bem sucedido, mas mal executado. O enxerto foi muito raso, então o ponto de fusão é fraco e pode ser que nunca se funda adequadamente com o galho receptor.

For approach grafting, a small container supporting the plant that is attached is hung from the larger tree that receives the graft.   Approach grafting is better suited to larger material and for adding trunk sections, roots or large branches.
Nesse método de enxertia o pequeno vaso onde está a planta que está sendo enxertado é pendurado na planta maior que recebe o enxerto. O enxerto de aproximação é mais adequado para plantas maiores e para adicionar seções de tronco, raízes ou galhos grandes.

A bagged scion graft.   The graft is growing and healthy about a year after being added, but the bag is not yet removed.   Removal in stages ensures that the new foliage will not dry out too much and die.
Uma incisão de enxerto ensacado. O enxerto está crescendo e saudável cerca de um ano depois de ser enxertado, mas o saco plástico ainda não foi removido. A remoção do saco em etapas garante que a nova folhagem não seque de repente e morra.

The small mediocre juniper from my last post.   The tree didn't have any foliage near the base.    The graft will ultimately allow the tree to be created to match the design at right.
O pequeno junípero medíocre de um dos meus posts. A árvore não tinha folhagem perto da base. O enxerto permitirá que a árvore seja criada para combinar com a projeção à direita.

A planta acima foi criada usando duas incisões de enxertos cuidadosamente posicionados. Na época, um terceiro enxerto foi adicionado, mas acabou não sobrevivendo. Além disso, fiz alguns outros enxertos de prática que foram necessários, mas que depois foram removidos com um galho da planta que não era utilizável para a projeção. Uma vez que você tenha seus enxertos posicionados e vivos na planta você terá mais algumas coisas para fazer… fazer bonsais de qualidade leva tempo.

AZALEIA - ESTILIZAÇÃO INICIAL

 
Essa azaleia foi salva em Novembro/17 de um canteiro que foi demolido no quintal da minha mãe. Não possui tantos atributos, mas não gosto de descartar nenhuma planta, já que está disponível porque não trabalhar nela para melhorar a sua forma e tentar fazer um bonsai? Abaixo a sequência de fotos com o antes e o depois. 

Frente. Antes da realização dos procedimentos. Não me lembrei de colocar algo para dar uma noção do tamanho da planta, mas tem cerca de uns 30cm de altura, uns 50cm de comprimento e o tronco uns 2cm de espessura na parte mais grossa.

Lado direito. A planta tinha o tronco e galhos dispostos em um único sentido, o tronco com movimentos suaves, quase retos, com muito pouca conicidade se comparada a espessura da parte mais grossa com a parte final do tronco, passando de 2cm (parte mais grossa) para cerca de 1cm (parte mais fica). Se levarmos em conta que o comprimento total do tronco é de cerca de 50 cm podemos considerar que realmente a conicidade é praticamente insignificante.

Lado oposto. É possível ver que o tronco possui o formato de um arco voltado para baixo e que inclusive os galhos mais finos são retos. O formato do tronco, a pouca conicidade e disposição dos galhos de cara já me indicavam o estilo Cascata ou semi cascata. Não sou muito fã desse estilo, mas como o atrativo nas azaleias são as flores o estilo cascata contribui e muito para esse fim, por isso foi o estilo escolhido.

 Vista superior.

O tronco na sua parte mais grossa também é reto. O segundo tronco do lado esquerdo da foto servirá apenas para ajudar a engrossar a base da planta e será retirado quando esse objetivo for atingido. O mesmo vale para o galho mais fino no lado direito.

 Como eu precisava dar mais forma ao tronco e as azaleias são bastante quebradiças eu deixei ela sem regar por um dia para deixar a madeira mais flexível.  A primeira operação foi enrolar todo o tronco com uma camada de fita de juta + fios de nylon.

 Em seguida eu coloquei 2 arames, um na parte de cima e outro pela lateral. E prendi ambos enrolando uma camada de fita isolante sem adesivo por cima. Os arames foram colocados nesses 2 locais porque eram os lados opostos ao sentido que sofreriam maior esforço e portanto teriam maior chance de quebra.

Detalhe mostrando a fita de juta, a ponta do arame e a fita isolante já quase na extremidade do tronco.

 Tronco totalmente protegido antes de colocar o arame.

 Planta já aramada e com o tronco e galhos já posicionados. Esta deverá ser a nova posição de plantio que deverá ocorrer somente no ano que vem, o foco no momento é formar a estrutura da planta e na posição horizontal o desenvolvimento da folhagem é melhor devido a dominância ápical.

 Detalhe da dobra na parte superior do tronco. Houve 2 quebras, uma na região de cima e outra mais abaixo, por esse motivo essa região ainda ficou um pouco reta, vou aguardar a recuperação para poder forçar um pouco mais. Não há perigo com essas quebras porque o tronco está muito bem imobilizado e a cicatrização da região deverá ocorrer naturalmente em alguns meses.

 Tronco e galhos vistos de frente, procurei dar forma e movimento a ambos. Todo esse processo de modelamento de tronco e galhos deverá ser melhorado com o tempo a medida que a planta se recupere e ganhe forças de modo que fique mais natural.

 Vista da parte superior do tronco, esse galho sem aramação será usado como galho de sacrifício.

 Visão de cima para baixo do movimento do tronco.

 Outro ângulo.

 Visão da outra lateral após aramação.

 Detalhe da base do tronco. Dá pra notar que realizei a dobra e torção do tronco nessa região.

 Outro lado.

Detalhe da parte central após aramação e estilização do tronco.

Essa é somente a primeira aramação e estilização, ainda tem muito a melhorar, mas esse primeiro passo facilita e muito os demais procedimentos porque é o mais complicado. O principal foco agora tem que ser a ramificação e ganho de massa verde.

Antes dos trabalhos
Após a realização dos procedimentos
                                           

SERISSA - FUSÃO DE BROTOS CHUPÕES

Adquiri essa Serissa em Abril/16 na exposição do Jardim Botânico S/P sem muita pretensão, é uma espécie que me agrada por conta do tronco que apresenta uma casca meio rugosa, folhas pequenas e principalmente por conta das flores que no caso dessa variedade em específico possui as flores dobradas. O ponto negativo e também a falta de motivação no momento da aquisição é a espessura do tronco que é muito fino e como o crescimento é lento, mesmo plantas já velhas não apresentam tamanhos superiores a 50 cm e troncos que dificilmente atingem 2cm de diâmetro. Existem outras variedades que engrossam e crescem mais, só que as flores não são dobradas, são simples. A solução encontrada veio através da observação de uma característica dessa espécie que é o constante crescimento de galhos chupões das raízes e da base do tronco. Pensei, porque não tentar a fusão destes brotos para aumentar a espessura do tronco? O resultado dessa experiência e todas as etapas desde a aquisição da planta é apresentada abaixo junto com as fotos.

 Foto tirada em Abril/16 após a aquisição

Abril/16 - outro lado 

 
 Agosto/16 - Retirei os brotos mais finos ao longo do tronco e deixei somente os galhos que poderiam ser utilizados em um futuro projeto, mas ainda não tinha nada definido.

  Agosto/16 - Abaixando e escondendo o galho do fundo para avaliar a possibilidade de trabalhar  como 2 plantas separadas.

 Agosto/16 - Outro lado

 Janeiro/17 - Nessa época eu já tinha trocado o vaso por um maior (atual), plantei um pouco mais alto para que as raízes fossem sendo expostas com o tempo devido à lavagem da terra durante as regas e estava deixando crescer livremente para tentar engrossar pelo menos um pouquinho mais o tronco antes de definir o estilo.

 Nesse momento que observei a enorme quantidade de brotos chupões que tinha nascido e crescia de certa forma até rápido se comparado com a planta principal.

Outro lado

 Abril/17 - Nessa época os brotos já tinham crescido por todos os lados da base do tronco e tinham passado o primeiro patamar de galhos.

Outro lado


 Fiz um primeiro procedimento para que todos os brotos ficassem junto á base do troco envolvendo eles com uma fita da TNT  e um arame apenas para manter fechado sem apertar muito de modo que os brotos mais finos pudessem continuar a crescer por dentro até saírem pela parte de cima do TNT.

 Outro lado

Aspecto da planta após colocar o TNT por sobre os brotos chupões.

 Dezembro/17 - Os brotos já tinham crescido e saído por cima do TNT, desenrolei e vi que os brotos estavam alinhados e bem rente ao tronco. Enrolei o TNT novamente e dessa vez passei um arame grosso por cima amarrando mais firmemente.

 Julho/18 - Aspecto da planta com galhos saindo por todos os lados.

 Detalhe do tronco ainda com o TNT.

 Tronco sem o TNT, os brotos estão bem colados no tronco, mas ainda não estão totalmente fundidos.

 Vista lateral.

 Outro lado.

 Outra lateral. As laterais são um pouco mais estreitas que a frente e a parte traseira.

O termino da fusão é somente uma questão de tempo, mas eu não poderia simplesmente cortar os brotos logo acima da parte inicial porque sem folhagem eles tenderiam a secar e morrer ou brotar embaixo, o que não é mais desejado. Por isso utilizei um arame muito fino e fui enrolando em forma de espiral iniciando na base do tronco junto às raízes e terminando no ápice. Acima da região já inicialmente fundida eu fui agrupando os brotos de 2, 3 e até 4 para ir formando os galhos. Os brotos menores formaram os galhos mais baixos em grupos de 4  ou 3. Os maiores formaram os galhos da parte superior agrupados em 2 ou mesmo 1 (mais grossos). O arame fino ia sendo passado à medida que os grupos de galhos iam sendo criados. Posteriormente cada grupo de galho foi aramado de modo que as pontas dos galhos iam sendo posicionadas para formar os galhos secundários de modo semelhante ao procedimento realizado no tronco, só que dessa vez iniciando com 2, 3, ou 4 e terminando com somente 1 na extremidade. A expectativa é que eles se fundam completamente dentro de 1 ou 2 anos. Se tudo der certo eu conseguirei  um tronco "grosso" para a altura da planta (16cm) e conicidade já que os brotos foram distribuídos de forma decrescente de baixo para cima.

Detalhe da espessura da base - 4cm

Essa por enquanto é a frente escolhida.

 Traseira.

 Lateral direita

 Lateral esquerda.

 Vista superior  com a visão da distribuição radial dos galhos.

 Espero que este material possa ajudar quem estiver disposto a tentar algo parecido. Abraços