Kings Bonsai

REPLANTIO - O SEGREDO PARA SE OBTER EXCELENTES BONSAIS


Texto traduzido e publicado com autorização do autor Eric Schrader, a postagem original no site BSSF pode ser acessada através do link abaixo:
http://www.bssf.org/articles-and-stories/february-2007-general-meeting-repotting-workshop/

O replantio pode ser um processo complicado para pessoas que não têm conhecimento da maneira correta de fazê-lo. Replantar é uma fina arte realizada de muitas maneiras. Você deve procurar fazer o refinamento das raízes superficiais de sua planta a cada replantio. Por exemplo, em um Acer com crescimento saudável, corte as raízes descendentes para que novas raízes mais finas brotem das raízes superficiais. O plantio de árvores em bandejas mais largas e rasas encorajará as raízes superficiais a crescer horizontalmente e engrossarem. Considere também que, às vezes, as árvores poderão apresentar uma melhor aparência com mais ou menos raízes visíveis do que era antes de replantar. Para pinheiros e algumas outras coníferas, uma massa compacta de raízes se espalhando em todas as direções ajuda a completar a aparência da árvore. Evite a todo custo enterrar todas as raízes, isso fará as suas árvores parecerem um pedaço de pau fincado na terra.

Substrato

O substrato é um componente vital para manutenção de uma planta altamente saudável. Prepare o seu substrato para bonsai com todos os componentes secos e peneirados a fim de remover partículas finas. Se o solo estiver muito úmido e for demorar para conseguir secar, peneire os componentes embaixo d'água para remover as partículas de poeira. Se você negligenciar  e não peneirar as partículas finas, o fundo do vaso ficará entupido e as raízes ficarão em um "pântano" durante todo o ano, causando doenças e problemas de saúde em geral. Existem tantas composições para substrato quanto existem praticantes de bonsai. Alguns incluem apenas alguns componentes e alguns incluem muitos. O mais importante a ser lembrado é: as raízes precisam de ar tanto quanto precisam de água. Quando você retira uma árvore plantada em um composto com pouca drenagem de um vaso, todas as raízes estão em formato circular na parte inferior e ao longo das laterais do vaso. Se você tiver uma boa aeração no seu substrato, além das raízes no fundo e nas laterais, também encontrará uma malha de raízes finas no meio do vaso. Esta malha é a chave para uma planta saudável e para ela manter o vigor após o transplante. Akadama é o composto de solo para bonsai mais falado no mundo. É caro e é japonês… vale a pena? Essa pergunta é aquela que você terá que decidir por si mesmo, algumas pessoas usam akadama pura nas suas árvores, enquanto outras se recusam a pagar o alto valor. Akadama é uma argila vulcânica que, embora inorgânica, age como material orgânico no solo, retendo fertilizantes e micronutrientes para a planta absorver entre as regas. As alternativas mais baratas ao akadama são a casca de pinus, outras pequenas cascas ou qualquer um dos vários produtos de barro queimados. O Seca Óleo é amplamente discutido nas salas de bate-papo da internet como uma alternativa barata e eficaz ao akadama. É uma argila cozida e projetada para absorver vazamentos de óleo. É muito menos oneroso, mas até agora não vi ou ouvi nenhuma evidência (baseada em comparativo direto na prática) que diga que ele faz a mesma função tão bem como Akadama ou casca de pinus. Pumice, importada do Japão ou extraída localmente, é outro composto comum nos substratos. Pumice é leve e não se decompõe em um vaso. Ela ira manter o formato de pequenas bolinhas no solo, mesmo depois que outros componentes começarem a se decompor. Pumice é frequentemente usada como “camada de drenagem”, a camada de solo cobrindo apenas o fundo do vaso que ajuda a manter livre o fluxo de água internamente. A Rocha Vulcânica é muito parecida com Pumice e também está disponível localmente sendo um pouco mais pesada. O Granito Decomposto (Pedrisco) é muito mais pesado do que os outros compostos utilizados como substrato, mas usar uma pequena quantidade no substrato fornecerá os benefícios potenciais sem tornar os vasos terrivelmente pesados. Carvão Vegetal é outro composto que quando usado em pequenas quantidades pode adicionar um pouco mais de beneficio ao composto.


Há várias etapas no processo de replantio e devem ser seguidas o mais fielmente possível. O replantio de uma árvore recém coletada ou jovem pode diferir substancialmente do replantio de um bonsai mais velho já estabilizado. 

1. Se você estiver usando um vaso diferente do que a árvore já está plantada, prepare o vaso antes de começar. Cubra os furos de drenagem com tela e posicione os arames para a amarração no vaso novo. Em seguida, comece cortando os arames que seguram a tela de proteção e prendem a planta para que não enrosquem no vaso e possam se mover livremente através dos furos ao puxar a árvore e o torrão de raízes. 
2. Usando uma espécie de faca afiada ou algo similar corte rente ao redor de três dos lados do vaso, soltando um pouco a terra e a camada de raízes que cresce rente a lateral do vaso. Incline a faca de maneira que o torrão de raízes fique menor do que a borda interna do vaso, se a borda do vaso estiver voltada para dentro. Corte um lado comprido e os dois lados menores em um vaso retangular ou duas partes ao redor de um vaso redondo. 
3. Retire a árvore do vaso. Se você estiver transplantando para o mesmo vaso aproveite essa ocasião para colocar a árvore de lado, lavar e trocar os arames e as telas do fundo do vaso. Não esfregue os vasos com escovas de fio de aço ou produtos de limpeza agressivos. Os vasos irão ganhar pátina com o tempo, então lave só com escovas de cerdas macias, não use produtos à base de petróleo para limpar. Se houver depósitos de cálcio no vaso, eles podem ser encobertos por uma aplicação de óleo de nozes, o que fará com que o vaso pareça limpo. 
4.Apoie o torrão  de raízes no lado que não está sendo trabalhado, com a árvore pendurada na lateral da mesa. Usando um ancinho de pontas ou pinças dobradas raspe a parte de baixo do torrão e corte o necessário com uma tesoura de raiz. Se não houver um torrão de raízes coeso, simplesmente apare as raízes uniformemente e planas. Você pode deixar a base do torrão de raízes côncavo aparando mais no meio do que nas bordas, mas não torná-lo convexo porque isso tornará mais difícil amarrar a planta corretamente no novo vaso.  
5.Limpe a mesa e coloque a árvore sobre ela. Comece a trabalhar agora ao redor das bordas do torrão de raízes usando um gancho, pinças ou palitos de madeira. Penteie as raízes para fora removendo o solo antigo. Se a árvore estiver em substrato bom não é necessário retirar todo o solo antigo toda vez que for replantado. Se a árvore estiver em substrato velho você pode pentear as raízes e retirar o solo antigo apenas de uma metade do torrão, se estiver preocupado com a saúde da árvore, deixando a outra metade para o próximo replantio.
6. Depois de terminar de retirar o necessário do substrato antigo, corte as raízes ao redor do torrão deixando as raízes um pouco mais longas do que o torrão, mas menor que o tamanho do vaso. Não enrole as raízes dentro do vaso, exceto em casos extremos.  
7.Coloque uma camada de drenagem no fundo do vaso e faça um pequeno monte com o substrato preparado sobre a camada de drenagem. Certifique-se de que todos os fios de arame para amarrar a planta estejam voltados para fora do vaso e que estejam acessíveis. 
8.Coloque a planta sobre o monte de substrato e delicadamente, mas com firmeza, gire e pressione levemente para firmar a planta sobre o novo solo.  
9.Adicione uma pequena quantidade de substrato ao redor da planta e com uma vareta vá perfurando o substrato suavemente para que ele se acomode.
10. Amarre a planta no vaso. Existem diversas maneiras diferentes, dependendo do tamanho, posicionamento e número de furos e outros fatores. Alguma prática lhe ensinará o melhor método.
11. Adicione mais substrato, perfurando com a vareta suavemente para encher todos os vazios. Tente não  perfurar tão vigorosamente que você penetre na camada de drenagem ou que você danifique as raízes excessivamente. Geralmente, use um substrato de granulometria menor no topo do que no fundo do vaso, ele reterá a umidade mais próximo da superfície do vaso.
12. Varrer e aplainar a superfície do solo e dar uma ou duas batidas com a mão no vaso para assentar ainda mais o substrato. O substrato não deve estar amontoado deve estar ligeiramente abaixo da borda do vaso para que não escorra para fora quando você regar. O solo amontoado causa distribuição desigual da água quando você está regando.
13. Regue o vaso até que a água saia límpida pelos drenos no fundo do vaso.14. Não adube plantas recém replantadas durante 4~6 semanas - fertilizante orgânico, 6~8 semanas - fertilizante químico.
  

COMO RESOLVER PROBLEMAS DE TRONCOS EM FORMA DE FORQUILHA E GALHOS MULTIPLOS

Este artigo é sobre uma situação muito comum pra quem pratica bonsai e uma dúvida muito comum entre os iniciantes na arte. Como proceder com um tronco ou galho em forma de forquilha? O que fazer quando tem mais de um galho no mesmo local? 
É muito importante ter isso bem definido e claro na mente para poder conduzir e resolver o problema tanto em uma muda que se pretende desenvolver para ser um bonsai, como também em plantas que se pretende adquirir, seja procedente de viveiro ou mesmo de yamadori. Uma vez esse conceito firmado na nossa mente fica muito fácil proceder em situações que apresentem estes casos acima.
Essa planta das fotos é uma muda de Mussaenda Amarela que ganhei do meu amigo Beto Paradise durante o ultimo encontro do Grupo Bonsai Paulistano. O motivo de utilizar ela para ilustrar o meu artigo é porque ela, apesar de simples, apresenta 2 situações na mesma planta:
  • tronco com mais de um galho na mesma posição;
  • galho em forma de forquilha, tanto no tronco quanto na sequência do galho.

Vamos a sequência de fotos com os detalhes do trabalho e da solução proposta.

 Defeitos apresentados: 

  • a muda apresenta um tronco da espessura de um lápis;
  •  tronco reto por toda a planta;
  •  a mesma espessura tanto na base quanto em toda a extensão até o primeiro entroncamento;
  • tem um aspecto 2D, com galhos somente em um plano;
  •  Tem um broto muito perto da base, baixo demais para ser utilizado no desenho final;
  •  No primeiro entroncamento 3 problemas, galhos de mesma espessura, na mesma altura e em forma de forquilha.

Como pode ser visto na sequência tem outro galho em forma de forquilha da mesma espessura.

Detalhe do broto na base e do primeiro entroncamento.

Uma de suas qualidades são as flores simples, mas de um amarelo intenso. Possui sépalas brancas independentes e floresce praticamente o ano todo. As suas folhas bastante estriadas também são um atrativo.

Detalhe da flor.

 As soluções encontradas:
  • a muda apresenta um tronco da espessura de um lápis - depois de definida a estrutura do tronco e os galhos principais a planta irá crescer livremente até alcançar a espessura desejada, um tronco com base de mais ou menos 3cm para um shohin. Os galhos definitivos terão o seu crescimento controlado com podas e aramações, o crescimento se dará somente nos galhos de sacrifício.
  •  tronco reto por toda a planta - foi utilizado um arame com uma bitola mais grossa (3mm) para dar forma ao tronco, com esta espessura eu pude deixar o arame mais folgado para que fique mais tempo na planta enquanto a mesma cresce e engrossa. Nos galhos mais finos foi usado uma bitola menor porque os galhos estava bastante flexíveis, também foi deixado mais folgado. Com o tempo eu posso aramá-los novamente se for necessário, a intenção neste primeiro momento é somente não deixá-los crescerem retos;
  •  a mesma espessura tanto na base quanto em toda a extensão até o primeiro entroncamento - aproveitei o broto na base para utilizar como um galho de sacrifício, vai engrossar a base e ajudar a dar conicidade na primeira parte da planta;
  • tem um aspecto 2D, com galhos somente em um plano- problema resolvido durante o momento de dar forma ao tronco durante a torção, me atentei para que tivesse uma forma tridimensional (3D);
  •  Tem um broto muito perto da base, baixo demais para ser utilizado no desenho final - esse broto será o galho de sacrifício até que o tronco alcance o diâmetro desejado na parte de baixo e posteriormente podado;



 No primeiro entroncamento 3 problemas, galhos de mesma espessura, na mesma altura e em forma de forquilha:
  • galhos na mesma altura - cortado um dos galhos e utilizado somente 2;
  • galhos em forma de forquilha - inclinado o tronco de forma que um dos galhos concorrentes possa ser posicionado como um galho e o outro como a continuidade do tronco. Galhos em forma de forquilha no tronco podem gerar conicidade invertida se ambos continuarem a crescer com o mesmo vigor;
  • galhos da mesma espessura - com o posicionamento de um dos galhos para ser a continuidade do tronco e o outro para ser somente um galho eu posso controlar o crescimento de ambos, de modo que o tronco que será a continuidade do tronco evidentemente será mais grosso que o outro;

Parte traseira

Lateral

Outro lado. Aqui também foi adotado o mesmo procedimento para o caso de um galho em forma de forquilha, abaixar um e deixar o outro ser a continuidade do tronco.
 
Vista superior. Aqui é possível ver o formato tridimensional tanto do tronco quanto dos galhos

O objetivo principal desta publicação era para mostrar como resolver o problema de troncos e galhos em forma de forquilha ou V e os casos de vários galhos no mesmo ponto. Este procedimento pode ser adotado tanto para plantas em estágios mais básicos quanto para plantas em estágios mais avançados, troncos finos, mas também grossos. Com a inclinação da planta é possível resolver o problema em plantas de troncos grossos também sem a necessidade de retirar um dos 2. Existem outras soluções também, é claro, mas eu considero essas as mais práticas e eficientes. Espero ter contribuído com este meu exemplo simples, mas que considero bem didático. Brincando foi possível corrigir 8 defeitos.










PACIÊNCIA PARA ALCANÇAR O SUCESSO

Patience for Progress
Texto traduzido e publicado com autorização do autor Eric Schrader , a postagem original no site PHUTU pode ser acessada através do link abaixo:

Bonsai pode ser um hobby meio devagar, às vezes frustrante, mas tanto prazer quanto frustração podem vir da mesma fonte. Uma das primeiras árvores que eu comprei foi esse pequeno Pinheiro Negro Japonês com raiz exposta que eu consegui no outono de 2003. É um estilo inclinado ou semi-cascata, dependendo de como você olha para ele. Eu tenho a mais longa progressão de fotos desta árvore que talvez de qualquer outra das minhas. Foi a primeira árvore que eu trabalhei com Boon e o progresso foi quase todo na sequência, embora ocasionalmente eu tive que dar à árvore um ano de folga sem o corte do crescimento primaveril (Mekiri). Quando fui limpar a árvore recentemente eu fiquei impressionado com a densidade, mas acho que os últimos cinco anos não interferiram muito para esse progresso. Há três anos, eu defini um planejamento para adicionar um patamar menor no lado esquerdo, de modo que ele seja mais um bonsai em estilo semi cascata do que um tronco inclinado. Naquela época eu não cortei todas as velas deste galho em particular, mas no ano passado eu não consegui fazer o corte do crescimento primaveril  nenhum da árvore devido à falta de vigor. Então o progresso nessa região da frente, em particular, tem sido lento.

Vamos voltar para 2004 e apreciar a progressão de fotos.
April 2004, the needles are just starting to emerge.
Abril de 2004, as agulhas estão apenas começando a emergir.

May 2004, during the first growing season after I purchased the tree.
Maio de 2004, durante a primeira estação de crescimento depois que eu comprei a árvore.
 
October 2004, after the first growing season.   The candles were not cut so the needles are long.
Outubro de 2004, após a primeira estação de crescimento. As velas não foram cortadas, então as agulhas estão compridas.
 
November 2007
Novembro de 2007. Boon me ajudou a adicionar dois enxertos ao galho que compõe a frente do ápice. O galho era muito comprido comparado ao galho mais baixo e nunca mais brotaria internamente. Nós colocamos dois enxertos opostos um ao outro. 

November 2007
Novembro 2007

At the January 2009 BIB show.   The needles were looking good and the tree was nice an healthy.
Janeiro de 2009 na exposição BIB. As agulhas pareciam boas e a árvore estava bonita e saudável. Minha principal crítica à respeito da árvore é que ela parece ter três blocos de folhagens desassociados. Um galho traseiro mais significativo no ápice parece que resolveria o problema.

January 2014.   During the 2013 growing season the tree was weak, so I did not decandle it.   The result, after removing the old needles, was this shaggy looking image.
Janeiro de 2014. Durante a estação de crescimento de 2013 a árvore estava fraca, então eu não cortei o crescimento primaveril. O resultado, após remover as agulhas velhas, era essa imagem de aparência desgrenhada. Note como alguns dos ramos da esquerda já foram abaixados para começar a criar um patamar inferior.

June 2014, the spring candles are very vigorous in places because the tree was not decandled last year.
Junho de 2014, depois de cortar as velas fracas, antes das vigorosas. As velas da primavera estavam muito vigorosas em alguns pontos porque não foi realizado o corte do crescimento primaveril no ano anterior.

November 2014, before any work.   The new needles are short, and the old needles are long and shaggy looking.
Novembro de 2014, antes de qualquer trabalho. As agulhas novas são curtas e as antigas são longas e desgrenhadas.

Looking up into the crown
Visual de baixo, a copa se afunila em direção ao ápice.

After needle pulling, before wiring.
Após a pinçagem de refinamento das agulhas, antes de aramar.

The fully wired apex
 O ápice completamente aramado.

The fully wired tree.
A árvore totalmente aramada.

Agora, nesse momento, estou me perguntando o que devo fazer para conseguir aquele outro bloco de folhagem que eu queria. Talvez eu devesse esquecer essa ideia toda. Afinal de contas, se eu tivesse cortado a velas deste único galho no verão, eu teria uma árvore muito bonita com agulhas belas e curtas. Fazendo uma comparação, nos três anos em que eu gastei fortalecendo esse galho eu tive acima  de 120 cm de crescimento em alguns dos meus pinheiros mais jovens.

 
Small loops of wire on the branch to remind me not to decandle it.
Pequenas voltas de arame no galho para me lembrar de não cortar o crescimento primaveril.

The branch that was not candle cut has much longer needles than the rest of the tree.   The bud on it will elongate quite a bit next year.
No galho que não foi cortado as velas tem agulhas muito mais longas do que o restante da árvore. O broto vai alongar-se um pouco no próximo ano.

Back on the bench in the garden.
De volta à bancada no jardim.

Eu não preciso apressar coisa alguma, mas tenho a sensação de que esse galho extra pode levar mais uns dez anos para ficar bom como os demais. Apesar do sentimento de frustração, a maior parte da árvore está muito boa neste momento. Tem agulhas curtas verde-escuras e a forma e textura são bastante agradáveis.

CUIDADO COM O EXCESSO DE TRABALHOS DE OUTONO


Matéria traduzida e publicada com autorização do autor Sergio Martinez, o texto original no seu site Cartagena Bonsai pode ser acessado através do link abaixo:

Imagino que ao escrever este artigo vou passar a impressão de ser um cara que se acha muito esperto ou até pior, um causador de polêmicas. Longe disso, porque a única coisa que tento é compartilhar minha opinião sobre algo que estou convencido ser o correto.

Os meses de outono são meses de transição para nós. Depois de curtir nossas férias, das nossas saídas e do bom tempo de todo o verão, no outono passamos mais tempo em casa e sentimos vontade de trabalhar nossas árvores. Contrário à nossa vontade, elas começam sua temporada de descanso. É muito comum nessa época ver inúmeros bonsaistas trabalhando conscientemente suas árvores de modo que no período de descanso delas, as mesmas destaquem-se nas prateleiras quase como se estivessem indo para uma exposição. Eu não sou um defensor disso e tentarei explicar porquê.



Parada vegetativa

O outono é a transição do calor para o frio, para as plantas a saída da fase de crescimento para a do descanso, forçado pelas condições climáticas e pela redução das horas de sol. É a época em que há uma grande lignificação dos tecidos, engrossamento de tronco e galhos com o consequente armazenamento de reservas necessárias para a Primavera seguinte. Também temos que fazer uma diferenciação óbvia entre árvores decíduas e perenes. A perda ou não da folha durante os meses frios é uma estratégia de cada espécie arbórea. Gerar novas folhas a cada Primavera requer muita energia e esforço para a árvore, mas as caducas compensam isso. No inverno as suas folhas são pouco úteis e um fardo a mais para suportar. Essas árvores tem o potencial de desenvolver novos órgãos fotossintéticos, grandes e muito eficazes, quando a temperatura e as quantidade de horas de luz são favoráveis a isso. Ao contrário, as sempreverdes têm folhas que são geralmente menores, menos eficazes, porém resistentes ao frio. Generalizando, elas normalmente vivem em zonas temperadas ou tropicais. Espécies como a Oliveira, a Azinheira, a maioria dos cítricos, entre tantas outras, conservam as suas folhas durante a estação fria porque a sua atividade fotossintética não cessa, apesar de diminuir. Elas podem aproveitar os dias ensolarados de inverno para ativar o seu mecanismo. É óbvio que as folhas com maior capacidade fotossintética são encontradas nos ápices e brotos do crescimento mais recente. Se em um bonsai removemos todos os novos brotos para evitar uma aparência sem brilho e feia, o que estamos fazendo é forçá-lo a sofrer por cinco meses, quase metade de um ano (outono e inverno) apenas para desfrutarmos de uma silhueta agradável.
 

E o dano pode ser maior se refinamos bem e posicionamos cada ramo com arame. Não é que estes não devem ser realizados, mas são trabalhos que podem esperar até o final do inverno, um pouco antes do início da atividade das plantas sempreverdes. Alguns vão dizer: "Eu venho fazendo o oposto do que você diz há muitos anos e minhas plantas estão indo muito bem". Infelizmente o vigor em uma árvore não é fácil de medir, mas galhos que secam sem explicação na Primavera podem ser uma causa direta de tais práticas.


E quanto às Caducas? Podem ser trabalhadas sem problemas? Sim e não. Existem aqueles que têm o hábito de não deixar a árvore perder suas folhas por conta própria, já que está desejando contemplar a sua ramificação "desnuda" e não espera nem mesmo que suas folhas amarelem para desfolha-lo completamente. É um grande erro porque a queda das folhas não supõe um gasto de energia para a árvore, mas sim o contrário. Muitos dos nutrientes que estão nas estruturas da folha são absorvidos e se acumulam nos galhos e tronco como estruturas de reserva ou participando nos processos de engrossamento dos mesmos. Devemos deixar a natureza fazer o seu trabalho e somente eliminar todas as folhas, quando o inverno realmente tenha começado, se houver alguma ainda na árvore. Uma vez sem folhas, podemos reestruturar seus galhos, colocar tensionadores ou até mesmo aramar, levando em conta que neste momento a flexibilidade dos galhos é menor e corremos um sério risco de quebra, é preciso um pouco mais de cuidado.
 


Então que trabalhos podemos realizar no outono?

Bem, eles não são poucos. Trabalhar a madeira morta sem dúvida, limpeza de tronco e galhos, preparação de vasos e planejamento da próxima temporada de trabalhos, mas acima de tudo o mais importante é aprender a "ouvir" as árvores sobre os erros e acertos cometidos na última temporada de crescimento que já terminou. E por que não aproveitar a oportunidade para caminhar pelos locais onde tem belas paisagens e árvores e se inspirar um pouco? Não tem problema algum se as nossas árvores ficarem ligeiramente "despenteadas" por algum tempo.
 

DICAS DE PINÇAGEM DE AGULHAS EM PINHEIROS